União
retém R$ 1,7 bilhão da educação e atinge Fies e Pronatec
Públicas
O represamento de
recursos públicos para que o Ministério da Fazenda possa organizar as contas
tem provocado forte impacto na educação. Em janeiro e fevereiro, a União
segurou cerca de R$ 1,7 bilhão do setor. Programas considerados essenciais para
a "Pátria Educadora", como o Financiamento Estudantil (Fies) e o
Pronatec, foram os mais atingidos.
Pouco mais de R$ 1 bilhão foi retido do Fies e outros R$ 464
milhões do Pronatec. Quando comparado com o mesmo período do ano passado, as
quedas na transferência foram de 50% e 58%, respectivamente.
Instituições privadas de ensino já haviam indicado atrasos
de valores do Pronatec e do Fies. No Fies, houve restrições para novos
contratos e mudança no fluxo de pagamento.
As universidades federais perderam R$ 173 milhões - queda de
34% - do dinheiro que é dirigido ao "funcionamento de instituições".
Outros R$ 53 milhões - corte de 33% - foram retidos dos investimentos em
"reestruturação e expansão".
A interferência da Fazenda no Ministério da Educação (MEC)
já era esperada, segundo o economista Mansueto Almeida, especialista em
finanças públicas, que, a pedido do jornal "O Estado de S. Paulo",
contabilizou o montante represado pelo governo. "Mexeram em benefícios
sociais, como o seguro-desemprego, restringiram investimentos em infraestrutura
e precisam reduzir os gastos fixos do Estado. Uma hora chegaria na
educação."
Os chamados gastos de custeio - manutenção das universidades
e pagamento de bolsas, por exemplo - afetam a capacidade de o governo poupar.
Em linguagem técnica, impedem que seja feito o superávit primário. O Fies, por
sua vez, engorda a dívida pública.
Segundo Mansueto, a educação deve ser prioridade, mas
precisa de planejamento. "Todo mundo sabia, por exemplo, que o Fies
precisava de ajuste, não havia controle nenhum." Reportagens publicadas
pelo Estado revelaram que o gasto com o programa cresceu 13 vezes desde 2010,
sem se refletir na expansão da rede privada. No ano passado, o governo colocou
R$ 13,7 bilhões no Fies.
Públicas
Nas universidades federais, os cortes têm provocado
transtornos, sobretudo em áreas com contratos terceirizados. "Limpeza e
vigilância são os maiores problemas, o funcionamento já não é o adequado",
disse Soraya Smaili, reitora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Federais como a do Rio (UFRJ), de Minas (UFMG) e de Goiás
(UFG) já enfrentam problemas na expansão de vagas. "Um ano que se atrasa o
processo de expansão já tem impacto direto sobre as metas do Plano Nacional de
Educação", disse o presidente da Associação dos Reitores Federais
(Andifes), Targino de Araújo.
A situação deve melhorar para as federais. O governo
autorizou ontem a liberação de 1/12 dos recursos destinados às instituições a
partir de março.
Segundo o MEC, o recuo nos gastos segue decreto que
estipulou a economia para todo o governo. No caso das universidades e
institutos federais, a pasta encaminhou outro cálculo, em que leva em conta
também os investimentos, em que há alta de 36% nos recursos nos dois primeiros
meses do ano - chegando a R$ 1,478 bilhão em 2015. (Colaborou Victor Vieira)
Fonte: O
Estado de S. Paulo.
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