"...só estamos há 13 anos no poder e tem uma longa
estrada pela frente
O
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira, 13, que a
presidente Dilma Rousseff fez as pedaladas fiscais para pagar dois dos maiores
programas sociais de sua gestão, o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida. Ele
argumentou que o governo deveria utilizar esta justificativa para explicar à
população a adoção das pedaladas, mesmo que tenha admitido não conhecer bem o
assunto. A declaração de Lula foi dada na abertura oficial do 1.º Congresso
Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), em São Bernardo do
Campo.
“Estou vendo a Dilma ser atacada por conta de umas
pedaladas. Eu não conheço o processo, mas uma coisa, Patrus (Ananias, ministro
do Desenvolvimento Agrário, que estava no evento), que vocês têm que falar é
que talvez a Dilma, em algum momento, tenha deixado de repassar o Orçamento
para a Caixa, porque tinha que pagar coisas que não tinha dinheiro. Ela fez as
pedaladas para pagar o Bolsa Família, ela fez as pedaladas para pagar o Minha
Casa Minha Vida”, disse Lula num discurso de cerca de meia hora.
O expresidente disse que “todo mundo sabe” que o Minha
Casa Minha Vida subsidia trabalhadores que ganham até três salários mínimos.
“Tem um forte subsídio do governo, o dado concreto é que custa caro ao governo,
é investimento que o governo faz”. E continuou: “Se o governo não subsidiar,
não acontece.” E fez um paralelo com a crise de 2008, dizendo que ela já
consumiu mais de US$ 10 trilhões para salvar o sistema financeiro. “Imagina se
isso fosse colocado nas fábricas para ajudar os trabalhadores e se fosse colocado
para combater a fome no mundo?”
Ao ser chamado para compor o palco, ao lado de dirigentes
sindicais, representantes de movimentos sociais e de políticos, como o prefeito
de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho (PT), e o exsenador e atual secretário
de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Suplicy, entre outros,
Lula foi recebido em pé sob aplausos e palavras de ordem dos participantes do
congresso.
O I Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos
Agricultores (MPA) ocorre até o dia 16 e reúne 4 mil camponeses de 20 Estados
brasileiros, no Pavilhão Vera Cruz, em São Bernardo do Campo, com o tema “Plano
camponês, aliança camponesa e operária por soberania alimentar”.
Marinho. O prefeito de São Bernardo do Campo disse, em
rápida saudação às lideranças camponesas presentes ao evento, que as elites
desejam “com a tentativa de golpe” derrubar o governo Dilma e atingir Lula,
maior liderança de seu partido.
“Sei o momento político que estamos enfrentando no nosso
País e sei das dificuldades do governo da presidente Dilma Rousseff e das
críticas que recebemos, mas sei que ninguém deseja um golpe contra a
presidente. O que a elite deseja é um golpe contra os trabalhadores e
inviabilizar a liderança de Lula”, disse Marinho.
O prefeito citou ainda que nos estúdios da Vera Cruz,
local em que foram gravados os filmes de Mazzaroppi e onde está sendo realizado
o congresso do MPA, ocorreu também o primeiro congresso do PT e a fundação da
CUT.
Em breve discurso, o presidente da Confederação Nacional
dos Metalúrgicos (CNM), Paulo Cayres, o Paulão, conclamou os presentes a
defenderem o legado do expresidente Lula, pedindo que todos se levantassem e
cerrassem os punhos, com os mesmos braços que plantam nos campos, em defesa do
petista. Patrus Ananias voltou a dizer que o Brasil não está à beira do
precipício e que a atual crise está sendo inflada. “Vemos no nosso País os
resultados positivos das políticas do governo (petista, de Lula e de Dilma)”,
emendou. Mas reconheceu que ainda há muito a fazer.
“Temos de fazer os acertos econômicos, mas não vamos
perder o rumo”, exemplificou.
O presidente da Federação Única dos Petroleiros, José
Maria, disse no evento que a luta em defesa da Petrobras não é corporativa.
“Este congresso e o da CUT tem que mandar um recado a quem quer dar um golpe no
País. Vamos lutar para que a democracia no País continue em pé, só estamos há
13 anos no poder e tem uma longa estrada pela frente”.
Fonte: Estadão
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