Celebrado por Lula em 2008, selo de bom pagador agora ‘não significa
nada’
Lula afirmou em declaração dada na Argentina, que o rebaixamento
"não significa nada"
Em
30 de abril de 2008, o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva comemorou a
elevação da nota de crédito do Brasil como o atestado de que, finalmente, o
país era reconhecido como um “país sério”. Naquela data, a agência Standard
& Poor’s colocou o Brasil na relação das economias com grau de
investimento, ou investment grade, aquelas consideradas como boas pagadoras por
credores mundo afora.
Nesta quinta-feira, Lula afirmou, em declaração dada na
Argentina, que o rebaixamento “não significa nada”. “Significa apenas que a
gente não pode fazer o que eles querem”, disse o ex-presidente. Na mesma linha
manifestaram-se governistas como o deputado José Guimarães (PT-CE), líder do
governo na Câmara. “Mesmo com esse rebaixamento, o Brasil ainda mantém um alto
grau de investimento (sic). Se compararmos o grau de investimento externo (sic)
no Brasil de Dilma, mesmo com o Lula e com o governo FHC, é muito superior”,
declarou o deputado.
A entrelinha do argumento é que as agências de
classificação de risco erram muito, e erraram ao não antever a crise do sistema
hipotecário dos Estados Unidos – que teve como grande marco a quebra do Lehman
Brothers, ocorrida no dia 15 de setembro de 2008 (o mesmo ano da elevação da
nota do Brasil). De fato, as agências erraram. E erram. Isso não significa que
suas avaliações não sirvam como termômetro para investidores, credores,
analistas e economistas. Dar de ombros para a avaliação feita pelas agências de
rating não livra o país das consequências práticas de suas notas.
São as consequências que importam. Naquele mesmo 30 de
abril de 2008 celebrado por Lula, a Bovespa fechou em alta de 6,3% e atingiu
67.868 pontos – sua maior pontuação na história até aquele momento. Esse
recorde foi quebrado ao longo do mês seguinte – e não uma, mas dez vezes
consecutivas. Tudo por causa da elevação da nota de crédito brasileira. Nesta
quinta-feira pós-rebaixamento, a queda da Bovespa, de 0,3%, não foi expressiva,
mas o dólar, que só olha para o céu há semanas, voltou a subir. Chegou a ser
negociado por 3,91 reais e fechou a 3,85 reais – e já não são poucos os que
consideram questão de tempo que ele passe de 4 reais. Dólar mais caro alimenta
a inflação – que passa de 9%, lembremos – e aumenta a dívida de empresas
brasileiras, para citar dois desdobramentos. Nota de crédito pior dificulta a
tomada de empréstimo dessas mesmas empresas, as que precisam se financiar para
poder investir e criar empregos – e o desemprego está acima de 8%, lembremos.
Enfiar a cabeça no chão, como avestruz, não resolve nada. (Da redação)
Fonte: http://jornaldehoje.com.br/ (Veja)
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