Fim de linha: Blatter renuncia e convoca nova
eleição para
O terremoto que sacudiu o futebol mundial acabou
derrubando Joseph Blatter: o presidente da Fifa não resistiu ao escândalo de
corrupção e renunciou ao cargo nesta terça-feira, anunciando uma nova eleição
até março de 2016.
O suíço, de 79 anos, que estava à
frente da organização que rege o futebol mundial desde 1998, convocou um
congresso extraordinário, para eleição do seu sucessor.
Blatter tinha sido reeleito para um
quinto mandato na última sexta-feira, dois dias depois do escândalo estourar,
com a prisão, a pedido da justiça americana, de sete altos dirigentes que
tinham viajado a Zurique para participar do último congresso, entre eles o
brasileiro José Maria Marin, ex-presidente da CBF.
- Príncipe Ali candidato -
Derrotado pelo suíço na eleição, o
príncipe Ali Bin al-Hussein já está no páreo novamente, e está até disposto a
"assumir a presidência imediatamente, se for solicitado", revelou à
AFP o vice-presidente da federação jordaniana, Salah Sabra.
Blatter, que gostava de se comparar a
um 'capitão que não abandona o navio', foi vítima de mais uma tempestade.
"Por mais que tenha sido reeleito,
parece que não tenho o apoio de todos no mundo do futebol, por isso decidi
convocar um congresso extraordinário e colocar meu mandato à disposição",
explicou Blatter num discurso pronunciado na sede da entidade.
"Vou continuar a exercer minhas
funções até este congresso e me concentrar na realização de reformas
ambiciosas", acrescentou o cartola, antes de avisar que "a Fifa
precisa de uma profunda renovação diante dos desafios que tem pela
frente".
"O próximo congresso ordinário da
Fifa estava marcado para o dia 13 de maio de 2016, no México.
Esperar tanto tempo só teria empurrado para mais tarde os problemas, por isso
pedi a realização de um congresso extraordinário", justificou.
De acordo com Domenico Scala,
presidente da comissão de auditoria da Fifa, o novo congresso acontecerá entre
dezembro deste ano e março de 2016.
Após o anúncio da renúncia de Blatter,
a Procuradoria Geral da suíça afirmou que isso "não tem incidência sobre o
processo penal" movido pelo Ministério Público do país.
Segundo o porta-voz da Procuradoria
Geral, André Marty, "o presidente da Fifa não será interrogado neste
momento" da investigação, mas "poderá ser no futuro, caso seja
necessário.
- Platini sauda 'decisão corajosa' -
Opositor ferrenho de Blatter, o
presidente da Uefa, Michel Platini, saudou a renúncia do suíço como "uma
decisão difícil, corajosa, mas a decisão certa".
O próprio Platini já tinha pedido sua
renúncia na véspera da eleição. "Eu pedi que renuncie, já é suficiente.
'Sepp' Blatter me escutou, mas disse que é muito tarde", revelou o
ex-craque francês na última quinta-feira.
A renúncia de Blatter ocorre poucas
horas depois de o jornal The New York Times acusar o secretário-geral da Fifa,
Jerôme Valcke, de ter efetuado o pagamento de propina de 10 milhões dólares
numa conta do ex-presidente da Concacaf, Jack Warner, para garantir seu voto na
escolha da África do Sul como sede da Copa do Mundo de 2010.
A Fifa negou as acusações, afirmando
que Valcke não tem nada a ver com este pagamento, que teria sido realizar para
projetos de desenvolvimento do futebol no Caribe.
De acordo com a entidade, o dinheiro
teria sido depositado na conta de Warner pelo argentino Julio Grondona, que
faleceu no ano passado, e era presidente da comissão de finanças na época.
- Rancor -
Na última quarta-feira, a justiça
americana, que pediu a prisão dos sete cartolas (inclusive Warner) anunciou o
indiciamento de nove dirigentes da Fifa no total, além de cinco executivos de
empresas de marketing parceiras da entidade.
São investigados casos de corrupção que
movimentaram mais de 150 milhões de dólares nos últimos 25 anos, num esquema
que chegou a ser chamado de "Copa do Mundo da Fraude" por Richard
Weber, diretor da Receita Federal americana (IRS).
No mesmo dia, num caso distinto,
documentos eletrônicos foram apreendidos na sede da entidade, com suspeitas de
"lavagem de dinheiro e gestão desleal" na atribuição das Copas do
Mundo de 2018 e 2022 à Rússia e
ao Catar, respectivamente.
Apesar do escândalo, Blatter conseguiu
se reeleger, e chegou até a insinuar que a investigação era motivada por um
rancor dos Estados Unidos e da Inglaterra por ter perdido a disputa para sediar
os próximos mundiais.
O suíço, que começou a trabalhar na
Fifa em 1975, como diretor de desenvolvimento, tinha atravessado várias
tempestades, mas o vento soprou forte demais, e precipitou o naufrágio de um
dos cartolas mais poderosos da história do esporte.
Fonte:
https://esportes.yahoo.com
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