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terça-feira, 2 de junho de 2015

FIFA. O COMEÇO DO FIM

Fim de linha: Blatter renuncia e convoca nova eleição para 
O terremoto que sacudiu o futebol mundial acabou derrubando Joseph Blatter: o presidente da Fifa não resistiu ao escândalo de corrupção e renunciou ao cargo nesta terça-feira, anunciando uma nova eleição até março de 2016.
O suíço, de 79 anos, que estava à frente da organização que rege o futebol mundial desde 1998, convocou um congresso extraordinário, para eleição do seu sucessor.
Blatter tinha sido reeleito para um quinto mandato na última sexta-feira, dois dias depois do escândalo estourar, com a prisão, a pedido da justiça americana, de sete altos dirigentes que tinham viajado a Zurique para participar do último congresso, entre eles o brasileiro José Maria Marin, ex-presidente da CBF.
- Príncipe Ali candidato -
Derrotado pelo suíço na eleição, o príncipe Ali Bin al-Hussein já está no páreo novamente, e está até disposto a "assumir a presidência imediatamente, se for solicitado", revelou à AFP o vice-presidente da federação jordaniana, Salah Sabra.
Blatter, que gostava de se comparar a um 'capitão que não abandona o navio', foi vítima de mais uma tempestade.
"Por mais que tenha sido reeleito, parece que não tenho o apoio de todos no mundo do futebol, por isso decidi convocar um congresso extraordinário e colocar meu mandato à disposição", explicou Blatter num discurso pronunciado na sede da entidade.
"Vou continuar a exercer minhas funções até este congresso e me concentrar na realização de reformas ambiciosas", acrescentou o cartola, antes de avisar que "a Fifa precisa de uma profunda renovação diante dos desafios que tem pela frente".
"O próximo congresso ordinário da Fifa estava marcado para o dia 13 de maio de 2016, no México. Esperar tanto tempo só teria empurrado para mais tarde os problemas, por isso pedi a realização de um congresso extraordinário", justificou.
De acordo com Domenico Scala, presidente da comissão de auditoria da Fifa, o novo congresso acontecerá entre dezembro deste ano e março de 2016.
Após o anúncio da renúncia de Blatter, a Procuradoria Geral da suíça afirmou que isso "não tem incidência sobre o processo penal" movido pelo Ministério Público do país.
Segundo o porta-voz da Procuradoria Geral, André Marty, "o presidente da Fifa não será interrogado neste momento" da investigação, mas "poderá ser no futuro, caso seja necessário.
- Platini sauda 'decisão corajosa' -
Opositor ferrenho de Blatter, o presidente da Uefa, Michel Platini, saudou a renúncia do suíço como "uma decisão difícil, corajosa, mas a decisão certa".
O próprio Platini já tinha pedido sua renúncia na véspera da eleição. "Eu pedi que renuncie, já é suficiente. 'Sepp' Blatter me escutou, mas disse que é muito tarde", revelou o ex-craque francês na última quinta-feira.
A renúncia de Blatter ocorre poucas horas depois de o jornal The New York Times acusar o secretário-geral da Fifa, Jerôme Valcke, de ter efetuado o pagamento de propina de 10 milhões dólares numa conta do ex-presidente da Concacaf, Jack Warner, para garantir seu voto na escolha da África do Sul como sede da Copa do Mundo de 2010.
A Fifa negou as acusações, afirmando que Valcke não tem nada a ver com este pagamento, que teria sido realizar para projetos de desenvolvimento do futebol no Caribe.
De acordo com a entidade, o dinheiro teria sido depositado na conta de Warner pelo argentino Julio Grondona, que faleceu no ano passado, e era presidente da comissão de finanças na época.
- Rancor -
Na última quarta-feira, a justiça americana, que pediu a prisão dos sete cartolas (inclusive Warner) anunciou o indiciamento de nove dirigentes da Fifa no total, além de cinco executivos de empresas de marketing parceiras da entidade.
São investigados casos de corrupção que movimentaram mais de 150 milhões de dólares nos últimos 25 anos, num esquema que chegou a ser chamado de "Copa do Mundo da Fraude" por Richard Weber, diretor da Receita Federal americana (IRS).
No mesmo dia, num caso distinto, documentos eletrônicos foram apreendidos na sede da entidade, com suspeitas de "lavagem de dinheiro e gestão desleal" na atribuição das Copas do Mundo de 2018 e 2022 à Rússia e ao Catar, respectivamente.
Apesar do escândalo, Blatter conseguiu se reeleger, e chegou até a insinuar que a investigação era motivada por um rancor dos Estados Unidos e da Inglaterra por ter perdido a disputa para sediar os próximos mundiais.
O suíço, que começou a trabalhar na Fifa em 1975, como diretor de desenvolvimento, tinha atravessado várias tempestades, mas o vento soprou forte demais, e precipitou o naufrágio de um dos cartolas mais poderosos da história do esporte.

Fonte: https://esportes.yahoo.com

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