Após pedir dinheiro à CBF, presidente da Lusa se revolta com exigência.
Após a divulgação do documento em que a CBF supostamente exigia da Portuguesa a desistência das ações na Justiça
para não ser rebaixada em troca de R$ 4 milhões (em reportagem da
emissora ESPN Brasil), o presidente do clube, Ilídio Lico, deu uma nova versão
do caso. Segundo ele, foi a Portuguesa que pediu um empréstimo à CBF –
garantido por cotas de TV – logo após o fim do Campeonato Brasileiro de
2013. A entidade aceitou emprestar o dinheiro, mas incluiu no contrato
cláusulas determinando que a Lusa não acionasse a Corte Arbitral do Esporte nem
a justiça comum para tentar evitar seu rebaixamento à Série B. O Ministério Público vai investigar o documento em questão. A própria Lusa resolveu procurar o MP.
- Eu vou fazer o que for melhor para a Portuguesa.
Todos sabem da situação financeira que o clube passa, e pedimos um adiantamento
à CBF. Precisamos de ajuda - explicou Lico, em conversa com a produção do Globo
Esporte, no início da manhã.
Após falar à TV Globo em tom bem mais ameno sobre o
pedido de garantia da CBF, o mandatário deu entrevistas às rádios CBN e Guaíba.
Para esta última, mostrou-se indignado com a situação imposta pela entidade.
- Fiquei revoltado com a proposta feita pela CBF. Eu
tenho que falar a verdade, tenho que abrir o jogo. O contrato é indecente.
Ainda tenho que devolver o dinheiro em 2015. Acharam que eu assinaria aquilo. A
minha plataforma é transparente. Falei com pessoas, mostrei o contrato, e tudo
isso foi divulgado. Infelizmente essa é a realidade.No momento, não gostei (de
o documento ter vazado). Poderíamos usar esse contrato, mostrar ao Ministério
Público. A injustiça que estão fazendo conosco é muito grande. A Portuguesa vai
morrer com dignidade, porque isso nós temos - afirmou em entrevista à Rádio
Guaíba.
Para a Rádio Brasil, Lico ressaltou que a Portuguesa
não esgotou as tentativas de disputar a Primeira Divisão do Brasileirão em
2014, mesmo que seja com uma mudança de regulamento e na forma de disputa da
competição.
- Estou indignado com essas denúncias, os amigos da Lusa ficam chateados. Não tenho rabo preso com ninguém, estou à vontade para falar que não estamos envolvidos em nada disso. Se tiver que disputar (o campeonato) com 24 clubes, eu até aceitaria. O importante é estarmos na Serie A, pois o prejuízo financeiro é muito grande com a queda. Os valores são muito diferentes, e não podemos abrir mão até quando for possível - disse ele, esperançoso de um acordo com a CBF.
- Estou indignado com essas denúncias, os amigos da Lusa ficam chateados. Não tenho rabo preso com ninguém, estou à vontade para falar que não estamos envolvidos em nada disso. Se tiver que disputar (o campeonato) com 24 clubes, eu até aceitaria. O importante é estarmos na Serie A, pois o prejuízo financeiro é muito grande com a queda. Os valores são muito diferentes, e não podemos abrir mão até quando for possível - disse ele, esperançoso de um acordo com a CBF.
- Estarei na eleição (para a presidência da Federação
Paulista de Futebol). O Marin sempre me atendeu bem, e acho que não tem por que
mudar. Vou lá para conversar, como sempre fiz.
À tarde, Ilídio Lico compareceu à sede da FPF, em São
Paulo, para participar da reeleição de Marco Polo del Nero à presidência da
entidade. No entanto, não conseguiu encontrar o presidente da CBF, José Maria
Marin, que deixou o local enquanto o dirigente da Lusa conversava com os
jornalistas. Ele reafirmou que o clube do Canindé não aceitará as
condições impostas no contrato de empréstimo.
- Eu jamais aceitaria. Tenho mais de 60 anos, sou
empresário. Se eu aceitasse, estaria morto na Portuguesa, seria condenado por
todos os poderes. Fui me informar com o Marco Polo, e ele disse que não sabia
(das cláusulas). Acho que se aproveitaram da situação de estarmos precisando de
dinheiro e acharam que eu aceitaria todas as condições - disse.
Na versão do dirigente da Lusa, a nova diretoria do
clube, que havia acabado de ser eleita e assumiria o comando em 2014, entrou em
contato com a CBF e pediu o empréstimo. Ilídio Lico esteve na sede da entidade,
no Rio de Janeiro, no dia 9 de dezembro. A CBF aceitou o pedido. Mas com o
surgimento do caso Héverton (no dia 10 de dezembro) a quantia a ser adiantada
se tornou incerta, pois dependeria da divisão em que o clube jogaria (a
garantia do empréstimo é o recebimento das cotas de TV, e a cota de cada clube
varia de acordo com a divisão). Com a queda do clube, o empréstimo foi fixado
precisamente no valor da cota a que o clube terá direito na Série B: R$ 4
milhões
Como
a confirmação da queda da Lusa só veio em 27 de dezembro, quando o departamento
jurídico da CBF já estava em recesso, o documento de adiantamento só foi
redigido no início de 2014. E neste documento – após os julgamentos no
STJD – foram incluídas as cláusulas citadas na reportagem da ESPN Brasil.
Para conceder o empréstimo, a CBF exigiu o compromisso da Portuguesa de que
jogaria a divisão que foi determinada, no caso a Série B, e também a
desistência de buscar alterar a decisão do STJD na Justiça comum. A CBF,
por meio de seu departamento de comunicação, disse que por enquanto não vai
emitir nota oficial sobre o caso.
Fonte:
http://globoesporte.globo.com
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