Em programa, PT fala em expulsar corruptos. E prega o
contrário
Programa do partido que vai ao ar nessa noite coloca a sigla de volta
ao discurso de palanque – agora, sem Dilma
Fonte: Veja
Programa do partido que vai ao ar nessa noite coloca a sigla de volta
ao discurso de palanque – agora, sem Dilma
O
PT liberou nesta terça-feira nas redes sociais o programa do partido que vai ao
ar nesta noite em rede nacional de televisão. Sem a participação da presidente
Dilma Rousseff, que se recusou a gravar uma mensagem, o programa se apoia em
discursos do ex-presidente Lula e do presidente nacional da sigla, Rui Falcão,
para atacar os inimigos de sempre – com destaque para a imprensa livre – e
utilizar-se de argumentos de palanque para afirmar que o PT “ajudou a
reescrever a história do Brasil”. Ignorando que tenha fornecido boa parte
desses criminosos, o partido afirma que o PT colocou “mais gente importante na
cadeia por corrupção do que nos outros governos”. E, embora a sigla tenha
tratado mensaleiros condenados como “heróis do povo brasileiro”, Falcão afirmou
que o partido vai expulsar da legenda qualquer petista que tenha cometido
malfeitos e for condenado pela Justiça.
Apoiado no discurso de Lula, o partido se colocou contra
o projeto que regulamenta a terceirização no país, aprovado pela Câmara dos
Deputados. “O país não pode retornar ao que era no começo do século passado. O
PT está ao lado do trabalhador e contra a terceirização”, afirmou o
ex-presidente.
Repetindo o discurso de campanha, o partido culpou a
crise mundial pelo grave quadro econômico que o Brasil hoje atravessa – e disse
que luta contra o arrocho salarial, a inflação altíssima e o desemprego que
afirma terem caracterizado governos anteriores. Em março, a taxa de desemprego
no país ficou em 6,2%, a maior desde maio de 2011. Em um ano, o número de
desempregados cresceu 23,1%. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) subiu 1,32% em março, atingindo o maior nível desde fevereiro de 2003.
No acumulado de doze meses, a inflação está em 8,13%, bem distante do teto da
meta do Banco Central, de 6,5%.
O partido ainda se colocou contra a redução dos direitos
dos trabalhadores e afirmou que, nas negociações sobre o pacote de arrocho do
governo que endurece a concessão de benefícios trabalhistas, como o seguro-desemprego
e o abono salarial, defende que as medidas não afetem os mais pobres. Parte do
pacote de ajuste desenhado pelo ministro Joaquim Levy deve ser votada nesta
terça-feira. O partido defendeu que se passe a taxar as grandes fortunas e
grandes heranças.
Ao tratar do tema corrupção, o PT tomou para si os
méritos do trabalho de instituições e órgãos de Estado, como a Justiça, o
Ministério Público e a Polícia Federal. Afirmou que antes do partido não havia
Leia da Ficha Limpa e que o MP e a PF não possuíam autonomia para que a
corrupção fosse investigada. Voltou também a demonizar o financiamento privado
de campanha, apontado pela sigla como grande causa da corrupção no país.
Defendeu o fim do financiamento empresarial e conclamou outros partidos a “seguirem
seu exemplo” – em sua campanha à reeleição, a presidente Dilma Rousseff recebeu
294 milhões de reais de empresas.
O presidente da sigla encerra afirmando que o partido não
é conivente com a corrupção. “Qualquer petista que cometer mal feito e
ilegalidades não continuará nos quadros do partido”, diz Falcão. Não foi feita
menção direta ao escândalo do petrolão. Em nenhum momento a presidente Dilma
foi citada ou mostrada.
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