Deteriorado,
prédio da Casa do Estudante coloca a vida dos residentes em risco iminente
Fiação
elétrica e ferragens expostas, infiltrações e goteiras que comprometem a
estrutura das paredes, lajes soltas ou ameaçando desabar, pisos quebrados e com
partes afundadas, portas e janelas comidas por cupins, banheiros e lavanderias
sem torneiras, caixas d’água quebradas e ambiente totalmente insalubre. Esses
são alguns dos problemas vividos diariamente pelos moradores da Casa do
Estudante Masculino do Rio Grande do Norte, no Centro de Natal.
A falta de segurança e de manutenção é denunciada
constantemente, sem que seja feito nada para resolver a situação. Inaugurado em
1946, o prédio já foi quase todo interditado pela Defesa Civil do município.
Segundo o vice-presidente da Casa, Serafim do Nascimento, o prédio, que possui
quase a metade dos 50 quartos interditada por falta de estruturação física e
por oferecer risco real de morte aos moradores, não tem manutenção alguma pelo
governo estadual.
Ele disse que a preparação dos alimentos e a limpeza do
prédio são garantidas durante o período de aulas graças à atuação de três
voluntários. Já durante o recesso escolar, são os próprios moradores que fazem
os serviços. E que, há cerca de três meses que a alimentação, que é de
responsabilidade da Secretaria de Estado da Habitação, Trabalho e Assistência
Social (Sethas), foi suspensa e está sendo garantida pelos próprios estudantes
e por doações da sociedade.
Serafim afirmou ainda que a nova gestão da diretoria, que
assumiu em julho passado, está lutando para regularizar a situação da casa, com
a aprovação do estatuto, que permite o ingresso de estudantes de nível superior
e bolsistas, além dos de nível médio, que representam apenas 10% dos moradores.
“Entramos com representação no Ministério Público em
dezembro e o órgão pediu o recadastramento para que se apresentem os gastos com
os estudantes para entregar ao governo estadual, que vem cortando gastos e,
certamente, devem nos afetar. A Sethas é responsável pela alimentação e as
contas de água e luz, mas desde outubro que não fornece os alimentos. Da última
vez que isso aconteceu, passamos nove meses sem frios e sete sem cereais, tendo
que fazer sacrifícios para comprar a nossa comida para não passarmos fome”,
afirmou.
O universitário Schulbert Souza disse que a insegurança
também é grande entre os moradores, que já foram roubados e tiveram os quartos
invadidos diversas vezes e reivindicam o retorno de guardas patrimoniais, para
inibir a ação dos bandidos e dos vândalos. “Já estão roubando até as placas
comemorativas, como a mais antiga, que foi levada. Para garantir um mínimo de
tranquilidade, os moradores fecham os quartos com cadeados”, falou.
MP determinou desocupação do prédio
Serafim do Nascimento disse que além dos estudantes,
ainda há pessoas que não estudam mais ou só trabalham e ainda os baderneiros,
que chegam bêbados e fazem confusão no local, tornando a situação ainda mais
insalubre para os moradores que realmente estudam e necessitam deste apoio. O
fato já foi comunicado ao Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN), que
deve investigar o problema.
O órgão já havia entrado com uma ação civil pública
contra o Estado, responsável legal pelo prédio desde seu tombamento pelo
Patrimônio Histórico e Cultural do Estado, em março de 2013, para que o local
fosse desocupado. No entanto, o executivo não tomou nenhuma providência para
resolver a situação.
“A última reforma que fizeram, que não serviu de nada,
porque o prédio ficou pior, foi em 2001 no governo Wilma de Faria. Depois
disso, perdemos a biblioteca e vários cômodos foram interditados. Hoje, não
podemos mais usar o salão de refeições da cozinha, por causa do serviço mal
feito e que fez a laje cair, sem contar que a câmara frigorífica onde guardamos
os frios está quebrada há séculos. Vivemos em uma situação total de
insalubridade e riscos iminentes de acidentes graves e até fatais, porque um
estudante só não se feriu gravemente após o teto de um quarto desabar porque
ele estava na cama de baixo de uma beliche”, desabafou.
Sethas é responsável apenas por alimentação
A Sethas comunicou, por meio de nota oficial, que não
possui nenhuma responsabilidade com a Casa do Estudante ou com a alimentação
fornecida ao local, pois isso não faz parte das suas atribuições legais. Mas
que, para fazer isso, é necessário um convênio com o Conselho de Administração
da entidade para legalizar e oficializar a questão. Além disso, deve propor ao
MPRN a assinatura de um termo de ajustamento de conduta (TAC) para que a pasta
não seja implicada em uso indevido de verba pública ao fornecer a alimentação.
Paralelamente, está tramitando na secretaria um processo
licitatório para a aquisição de alimentos para a Casa do Estudante e que a
equipe da Coordenadoria de Desenvolvimento Social (Codes) está fazendo um
levantamento da necessidade de manutenção dos espaços físicos. No entanto, para
dar continuidade, aguardamos parecer favorável da Procuradoria Geral do Estado
(PGE).
Fonte: http://jornaldehoje.com.br/
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