Procuram-se professores

A falta de professores das disciplinas de cálculo e ciências biológicas nas escolas do ensino médio tem sido um dos principais motivos dos altos índices de evasão do ensino médio no Rio Grande do Norte. Encontrar uma escola pública sem professor de química, física, matemática e até biologia não é nenhuma tarefa difícil, o mais complicado mesmo é o Governo do Estado encontrar uma solução urgente para o problema que, anos após anos, vem prejudicando milhares de alunos que concluem o ensino médio e veem os sonhos de ingressar no ensino superior se transformar em pesadelo.

A situação da falta de professores é tão alarmante que, ano passado, os alunos da Escola Estadual Padre Miguelinho foram às ruas para denunciar o problema. Organizados com cartazes na mão e entoando o coro de "queremos professor", eles promoveram um ato de protesto em frente à escola, no Alecrim. Ontem, a reportagem visitou uma das muitas de escolas do Estado que enfrentam esse problema. NaEscola Estadual Prof. Lia Campos, no bairro de Disx-sept Rosado, zona Oeste de Natal, cerca de 250 alunos estão sendo prejudicados porque desde o início do ano não tem professor de física. Como a grade curricular do estabelecimento é dividida por módulos de disciplinas, as turmas que estão pagando física neste semestre já não têm mais esperança que o Governo do Estado venha a suprir essa carência.
São os exemplos dos alunos Elias Barbosa Peçanha (20 anos), Walquíria Costa de Lima (25) e Jennifer Layane(18). Eles estão no segundo ano mas eram para estar pagando a disciplina desde o início deste ano letivo. "Não sei o que fazer nunca estudei nada de física, pretendo fazer vestibular no próximo ano para área tecnológica e não tenho o mínimo conhecimento de física", disse Elias Barbosa. Para Jennifer Layane, a situação é preocupante e ela já pensa em desistir de fazer o vestibular porque não se acha capaz, achando ser mais fácil tentar um emprego. Já Walquiria Costa pretende fazer um cursinho, mas diz não ter condições de pagar. O mínimo que o Governo do Estado poderia fazer seria pagar um cursinho para quem fosse prejudicado", diz ela.

Solução
 A direção da escola confirma a falta do professor da disciplina e aponta para uma única e paliativa solução. "Ao final do bloco, eles poderão fazer a banca ou provão do MEC para não serem prejudicados sem a nota da disciplina.para sre aprovado na disciplina. O problema é que a banca é somente e uma prova e, até para fazer, eles terão dificuldades porque nunca tiveram conteúdo da disciplina. 
A Secretaria Estadual de Educação ainda não sabe o número exato de escolas do Ensino Médio que estão sem professores, principalmente nas disciplinas de cálculo e ciências biológicas em todo o estado. A Seec também ainda não calculou qual o número de alunos que estão cursando ou concluindo o ensino básico e serão prejudicados devido o problema. Mas, segundo informações da Assessoria de Imprensa, esse levantamento já iniciou e logo a secretaria terá um diagnóstico para vislumbrar uma solução.Segundo Ainda a Assessoria, a solução mais palpável para sanar o problema seria a realização de aulões nas vésperas do vestibular para aqueles alunos prejudicados, um verdadeiro paliativo para quem leva a sério os estudos e o sonho de ingressar na universidade.

Mas o problema não é exclusivo do Rio Grande do Norte. A falta de professores graduados com formação específica nas áreas de exatas tem sido uma realidade em escolas públicas por todo Brasil. Segundo pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão do MEC, faltam 250 mil professores do ensino médio no país, com formação de nível superior em licenciatura. 

Fonte: Diário de Natal