Nasceu no dia 2 de dezembro de 1908, na
cidade de Caicó, Rio Grande do Norte. Filho de Pedro Gurgel do Amaral e
Oliveira e dona Joaquina Dantas Gurgel.
Perdeu o pai aos
dez anos. Tempos difíceis, e o menino Walfredo, para ajudar a família, vendia
banana. Continuou. Entretanto, seus estudos no Grupo Escolar Senador Guerra,
onde fez o curso primário.
Queria ser padre,
porém, havia uma dificuldade: sua mãe, viúva e pobre, não podia financiar sua
estadia no seminário. D. José Pereira Alves, bispo diocesano, contornou a
situação. E assim, "em 3 de fevereiro de 1922, ingressava no Seminário de
São Pedro o menino caicoense que, após 4 anos, concluía o curso de Seminário
Menor".
"Aluno
laureado, ao lado do Santo gênio, padre Monte, foi contemplado com uma bolsa de
estudos para, em Roma, cursar Filosofia e Teologia". Concluindo esses dois
cursos, "doutorou-se, a seguir, em Direito Canônico, pela universidade
Gregoriana, ordenando-se padre no dia 15 de outubro de 1931, na Capela do
Pontifício Colégio Pio-Americano".
Voltou ao Brasil
no dia 14 de agosto de 1932. Foi recebido com grandes festas, inclusive um
banquete, ao qual compareceram figuras expressivas da região. O ágape foi
realizado na Intendência de sua cidade.
O novo sacerdote,
inteligente e culto, assumiu o cargo de reitor do Seminário de São Pedro, além
de lecionar algumas disciplinas, como Teologia.
A exemplo de
grande número de intelectuais católicos de sua época, ingressou na Ação
Integralista Brasileira.
Mais tarde, foi
designado vigário de Acari, Freguesia de Nossa Senhora da Guia e, depois,
vigário de Caicó.
Homem dinâmico,
participou, ao lado de outros seridoenses, de luta pela criação da Diocese de
Caicó. Essa causa se tornou vitoriosa, com D. José de Medeiros Delgado nomeado
bispo de Caicó. Walfredo Gurgel assumiu a função de vigário-geral.
Professor e
sacerdote, Walfredo Gurgel se preocupou muito com a educação dos jovens do
Seridó. Batalhou então, pela construção de uma escola, a nível de primeiro
grau, para os meninos. Em 1942, o seu sonho se realizava, com a inauguração do
Ginásio Diocesano. Assumiu a sua direção e o ensino de algumas disciplinas.
Incansável, fazia praticamente tudo, como narra o seu biógrafo, Bianor
Medeiros: "contador, administrador da obra em andamento e, ainda,
sobrava-lhe tempo para treinar os times de futebol, de vôlei e assistir aos
ensaios da banda de música, que organizava e que tinha, com regente, o querido
e estimado mestre Bedé".
Sendo um líder,
era natural que um dia, mais cedo ou mais tarde, ele ingressasse na vida política.
Seguindo o mesmo caminho de um José Augusto de Medeiros e de um Dinarte de
Medeiros Mariz... Convidado por Georgino Avelino, foi para o Partido Social
Democrático, PSD. Dez parte do Diretório Regional do seu partido. Nessa
legenda, conseguiu se eleger deputado federal na Constituinte, ao lado de
Dioclécio Duarte, José Varela e Mota Neto na sua legenda.
Continuando sua
carreira política, Walfredo Gurgel conseguiu se eleger vice-governador do
Estado, com Aluízio Alves, governador. Presidiu, nessa função, a Assembléia
Legislativa Estadual. Não chegou a concluir o seu mandato, porque após outra
vitória nas urnas, chegou ao Senado da República, com grande votação.
Sofreu críticas
de alguns de seus adversários, que não compreenderam nem perdoavam o seu êxito.
Foi forçado a ir na tribuna do Senado, algumas vezes, para defender seus
correligionários: "Lamento mais uma vez, ser compelido a ocupar a tribuna
do Senado para tratar de assuntos regionais, mas às vezes, somos levados a isso
- quando há tantos problemas de ordem nacional que exigem a nossa palavra, que
exigem o nosso esforço e a nossa inteligência (...) A todos estimo, porque,
mesmo sendo adversários políticos, são meu amigos pessoais, meus companheiros
nesta Casa, onde defendemos os interesses do povo e devemos trabalhar,
incessantemente, pela felicidade e grandeza de nossa pátria".
Com essa postura,
conseguiu se impor ao respeito de todos.
Definia a
política como algo transitório, que não justificava a intriga e o ódio. O
importante era conservar as amizades, porque elas sim deveriam ser duradouras.
Disse Bianor Medeiros: "A cada resposta que dava, a qualquer
esclarecimento que prestava, a cada aparte que recebia, sempre se erguia como
verdadeiro estadista, diplomata, sereno e seguro".
Este era o perfil
do senador Walfredo Gurgel.
Aconteceu,
entretanto, que o povo do Rio Grande do Norte convocou Walfredo Gurgel para
mais uma missão: governar o Estado. O seu vice foi Clóvis Mota. Nessa nova
missão, continuou agindo com a mesma serenidade e honradez.
Após deixar o
governo, realizou uma viagem de 45 dias ao continente europeu, visitando vários
países: Portugal, Alemanha, Espanha, Áustria, Inglaterra, etc.
No dia 3 de
outubro de 1971, foi constatado que Walfredo Gurgel sofria de câncer no pulmão,
durante um exame que fez no Instituto de Radiologia de Natal. Logo a seguir,
agravou o seu estado de saúde, falecendo no dia 3 de novembro de 1971, em
Natal.
Sobre o velório e
a partida do corpo para Caicó, Bianor Medeiros, seu biógrafo, narrou os
acontecimento da seguinte maneira: "Velado pelo povo o corpo do Monsenhor
Walfredo Gurgel permaneceu na câmara-ardente armada no saguão do primeiro andar
do Palácio do Governo durante toda a noite até às seis horas da manhã de ontem,
quando foi transladado para a Catedral Metropolitana".
"Em fila
dupla o povo subiu até o saguão do Palácio para ver o monsenhor pela última vez
e rezar pela sua alma, entregue a Deus. A fila muitas vezes chegava até a
Ulisses Caldas, e não rara vezes dava volta pela praça Sete de Setembro.
"Todos os
ex-secretários do governo do monsenhor estavam presentes. Na praça Sete de
Setembro, o povo permanecia silencioso, triste, enquanto algumas pessoas rezavam
e outras choravam (...) Exatamente às 5h50, o caixão fechado (...) A pé,
acompanhado por uma multidão enorme, o corpo é trasladado para a Catedral
Metropolitana. Nas calçadas do próprio Palácio e da Praça André de Albuquerque,
o povo se comprime (...) A missa foi celebrada por doze padres, à frente o
arcebispo Dom Nivaldo Monte. Eram exatamente 6h05. Silêncio profundo na igreja,
somente quebrado por soluços de pessoas (muitas) que choravam".
"Após a
missa teve lutar a encomendação do corpo por Dom Nivaldo Monte, coadjuvado por
todos os vigários que concelebravam a missa. Às 7 horas o corpo é levado pelos
auxiliares do monsenhor Walfredo Gurgel até o carro fúnebre, já a esta altura a
multidão era muito maior. O povo chorava nas calçadas. Todos queriam ainda
tocar no caixão. Todos queriam ver o monsenhor pela última vez".
"Dezenas de
carros foram acompanhando o cortejo, que foi precedido por um carro da
rádio-patrulha que, de sirena aberta, abria passagem para o féretro. Muitas
pessoas foram até Macaíba, de onde voltaram após o último adeus. E o corpo no
monsenhor seguiu para ser sepultado na sua cidade natal: Caicó".
Fonte: http://tribunadonorte.com.br
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