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Giselda e Santa Catarina vão deixar de ter porta aberta.
Dentro de 90 dias duas unidades referenciadas da rede estadual de saúde
pública - os hospitais Gizelda Trigueiro (HGT) e José Pedro Bezerra, situados
nas Quintas e no conjunto Santa Catarina, nas Zonas Oeste e Norte de Natal,
respectivamente-, vão fechar o atendimento da chamada “porta aberta”.
O secretário estadual de Saúde, Luiz Roberto Fonseca anunciou a medida,
ontem de manhã, durante uma visita ao Hospital Gizelda Trigueiro, referência no
Rio Grande do Norte no atendimento de pacientes com doenças infecciosas,
toxicológicas e imunobiológicas especiais, mas se transformou numa espécie de
pronto-socorro de urgência por deficiência de atendimento da rede básica de
saúde, que é de responsabilidade dos municípios.
A partir do fechamento do “porta aberta”, só
serão atendidos pacientes referenciados, ou seja, que tenham sido encaminhados
pelas unidades básicas de saúde do município. Desse modo, o Gizelda Trigueiro e
o José Pedro Bezerra poderão se dedicar exclusivamente ao atendimento dos casos
de média e alta complexidade.
Luiz Roberto Fonseca foi ouvir, pessoalmente, as
reclamações dos servidores, principalmente médicos, que fizeram uma
manifestação vestidos de preto contra as más condições de trabalho e
desabastecimento de insumos e medicamentos do HGT. “Não vamos resolver nada
sozinhos e manter o que não é de responsabilidade do Estado”, disse o
secretário de Saúde sobre a decisão de interromper o ciclo de “porta de
entrada” para aqueles dois hospitais de Natal: “Não abriremos mão das
responsabilidades dos municípios”.
O diretor técnico do HGT, Carlos Mosca,
confirmou que já em julho do ano passado foi cogitado de fechar o atendimento
de clínica geral dos pacientes que chegavam aquela unidade, mas isso só deverá
ocorrer mesmo no dia 1º de outubro. “Os profissionais do pronto-socorro estão
super atarefados e hoje tem até uma semi-uti”, disse ele, para confirmar que lá
parece doente infartado, com pancreatite e até precisando de cirurgia e do
atendimento profissional que devia ser exclusivo de pacientes aidéticos ou com
tuberculose, cuja taxa de internação hospitalar é de 21 e 17 dias em
média, respectivamente.
Fonseca afirmou que 60% da demanda do HGT é de
pacientes de baixa complexidade, tanto que a unidade em 2012, fez cerca de 26
mil atendimentos clínicos, próximo aos 27 mil atendimentos feitos pelo
Hospital Walfredo Gurgel, referência em politraumatismo em Natal, mas que
também sofre com a procura de pacientes oriundos da rede básica de saúde.
Ainda ontem, Fonseca prometia que uma equipe da
Unicat iria ao HGT para sanar, em parte, o problema da falta de medicamentos,
mas ele confirmou que a dificuldade de reabastecimento da rede de saúde pública
deve-se a uma dívida de R$ 12 milhões com fornecedores. A médica Edna Palhares
disse na reunião com o secretário, os profissionais do HGT “estão querendo
estabilidade para trabalhar”, pois muitos estão ficando doente, inclusive ela,
que sofre de pressão alta e é pré-diabética.
Edna Palhares disse que a superlotação do
hospital e a deficiência de recursos humanos sobrecarregam o atendimento e
precariza os serviços, a ponto de na sexta-feira (21) de quatro pacientes que
chegaram necessitando de UTI, dois morreram. “Estamos cansados de assinar
atestados de óbitos”. Ela disse que muitas vezes sai do plantão direto para o
atendimento ambulatorial.
Fonte:
Tribuna do Norte
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