Foto:Joaquim Barbosa
Joaquim Barbosa critica
sistema político brasileiro e defende reforma do modelo eleitoral
Brasília – Menos de 15% das
leis apreciadas pelo Congresso Nacional foram propostas por deputados ou
senadores. As contas foram apresentadas hoje (20) pelo presidente do Supremo
Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, e revelam, segundo ele, a interferência
do Executivo nas decisões do país.
“O
Congresso é inteiramente dominado pelo Poder Executivo. As lideranças
[governistas] fazem com que a deliberação prioritária seja sobre matérias de
interesse do Executivo. Poucas leis são de iniciativa dos próprios parlamentares”,
disse o ministro, durante uma palestra para alunos do curso de direito de uma
faculdade de Brasília.
Durante
o evento, Barbosa se recusou a responder perguntas de jornalistas sobre uma
crise entre o Judiciário e o Legislativo. A possível indisposição entre os dois
Poderes começou recentemente, depois que parlamentares recorreram ao Supremo
para suspender apreciações de projetos no Congresso e foi agravada com a
proposta de emenda à Constituição que vincula decisões da Corte ao Legislativo.
Apesar
de não comentar o episódio, Barbosa destacou que todo mecanismo de controle que
o Supremo exerce ao examinar a constitucionalidade das leis está previsto na
Constituição. “A maneira como o Poder Judiciário exerce o controle recíproco é
através da jurisdição constitucional. Se o Congresso aprova norma abusiva, o
Supremo declara sua inconstitucionalidade”, explicou. "Permitir que isso
[a decisão] seja submetido ao Congresso e a referendo significaria o fim da
Constituição”, disse Barbosa. Ele destacou que o Judiciário não tem a
atribuição de legislar, mas decidir sobre o que é colocado à mesa para
avaliação da Corte.
O
presidente do Supremo afirmou que distorções no modelo político brasileiro
reforçam a necessidade de uma reforma institucional urgente. Para ele, as
mudanças no processo político devem envolver, por exemplo, a substituição do
voto obrigatório pelo voto facultativo e alterar o sistema de voto proporcional
pelo sistema de voto distrital.
Para
Joaquim Barbosa essas mudanças fariam com que os parlamentares tivessem mais
representatividade. “[O modelo atual] não contribui para que tenhamos
representação clara e legítima. Passados dois anos ninguém mais sabe em quem
votou”, criticou. Teríamos que dividir o país em 513 distritos, onde cada
cidadão votaria em quem conhece”, completou.
Fonte:
Agência Brasil
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