As Especialidades de
Pedro Velho
Luís da Câmara
Cascudo afirma que Pedro Velho era um "orador esplêndido, claro,
empolgador, espalhando uma vibração incontida de movimento e de sedução, jornalista
magnífico, cultura literária disciplinada, oportuna, justa e certa na citação
inflável, memória de estatística, gesto largo, teatral, majestoso,
impressionador, voz quente, plástica, apta a qualquer desejo de queixa ou de
estertor, vocabulário rico, luzidio, vestindo de novo a velha idéia aposentada
pelo uso, mímica insubstituível, escolhida com requintes de conhecedor, todos
os detalhes que a inteligência e a vontade podem dar a um homem, Pedro Velho
conseguira ou findara possuindo".
Pedro Velho
nasceu em Natal, na rua Chile, no dia 27/11/1856. Filho de Amaro Barreto de
Albuquerque Maranhão e de D. Feliciana Maria da Silva e Albuquerque.
Aprendeu as
primeiras letras com o professor Antonio Ferreira de Oliveira. Começou seus
estudos secundários no Ginásio Pernambucano, de Recife e, depois, na Bahia
concluiria os referidos estudos, no Colégio Abílio. Iniciou o curso de Medicina
em Salvador, porém, teve que se afastar da faculdade por problemas de saúde.
Voltando a estudar obteve grau em bacharel em ciências médicas, defendeu a tese
sobre "Condições Patogênicas das Palpitações do Coração e dos Meios de
Combatê-los:, no dia 4 de abril de 1881.
Casou-se com D.
Petronilha Florinda Pedrosa, em 27 de abril de 1881.
Pedro Velho,
então, regressou ao Rio Grande do Norte, fixando residência em São José de
Mipubu, onde passou pouco tempo, explorando uma farmácia. Foi, posteriormente,
morar em Natal definitivamente, na rua Visconde do Rio Branco, nº 55.
Como médico,
destacou-se nas especialidades de cardiologia, ginecologia e obstetrícia.
Professor, fundou
o Ginásio Rio-Grandense (1882
a 1884) e ensinou História Geral e do Brasil no Atheneu
Norte-Rio-Grandese. Tavares de Lyra ressalta que "foi na última fase do
movimento em favor da emancipação dos escravos que iniciou triunfalmente a sua
carreira política, tornando-se o chefe intimerato da propaganda, que fazia pela
imprensa, em companhia de abnegados correligionários, e pela tribuna, em
excursões sucessivas aos lugares do interior, emancipado, às vezes, de chofre,
ao efeito de sua palavra inspirada e fulgurante".
Líder político,
teve uma grande atuação. Fundou o partido republicano e, para divulgar suas
idéias, o jornal "A República". Foi o primeiro governador do Rio
Grande do Norte na fase republicana. Quando se pensou em fazer Pedro Velho
senador, houve um problema: ele não tinha idade... Foi então eleito deputado
para a Constituinte. Perdeu o mandato porque foi eleito, posteriormente,
governador, administrando o Estado de 28 de fevereiro de 1892 até 25 de março
de 1896. Nesse ano, com a morte de Junqueira Alves, abriu-se uma vaga na Câmara
de Deputados, possibilitando que Pedro Velho continuasse na luta política. Foi
reconduzido à Câmara de Deputados, comprovando sua extraordinária liderança.
Por essa razão, José Augusto de Medeiros, afirmou: "Pedro Velho era um
condutor de homens, era um chefe". E mais: "por 18 anos consecutivos,
desde a proclamação da República até o dia de sua morte, o chefe invencível das
hostes republicanas no Rio Grande do Norte. Nunca houve em qualquer época da
história daquele Estado da Federação, um homem que gozasse de tanto
prestígio".
Pedro Velho,
pouco dias antes de morrer, recebeu um documento, assinado por todos os
presidentes das intendência do Rio Grande do Norte, inclusive o capital, cujas
palavras iniciais eram as seguintes: "É a voz do povo do Rio Grande do
Norte, pelo órgão das suas municipalidades, que vem trazer a V. Excia, nesta
modesta mensagem, as mais afetuosas expressões do seu aplauso".
"Numa data
que, preciosa para a família, tornou-se pela força natural das coisas, preciosa
para o Estado inteiro, partem de todos os extremos do Estado, de Natal a S.
Miguel e de Macau a Jardim, os votos de nosso afeto com as homenagens da nossa
admiração". A sua liderança se estendeu além-fronteiras do Rio Grande do
Norte, com políticos de outras terras vindo até Pedro Velho, para pedir
conselhos: Quintino Bocayuva, Manoel Vitorino etc. Rui Barnosa, quando ouviu
Pedro Velho fazer uma saudação de improviso, comentou: "admirável
orador".
Pedro Velho
morreu no dia 9 de dezembro de 1907, quando estava no vapor Brasil, em Recife.
Fonte: http://tribunadonorte.com.br
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